Hoje sinto-me... Rosa Brilhante!

Ando ao serviço de quem manda na minha vida: os meus filhos! Esta semana, de quarentena por causa da pneumonia do Miguel, percorri as ruas de Lisboa para ir a hospitais, centros de saúde, fazer análises clínicas, raios X, testes (sim, porque afinal estamos a terminar o ano letivo e o Miguel tem testes para fazer!), consultas, ir pôr o Alexandre, ir pôr o Miguel, ir buscar o Miguel (logo a seguir aos testes, que a pneumonia exige descanso - ao filho, não à mãe!), ir buscar o Alexandre, fazer almoço, fazer jantar, mandar tomar banho, preparar lanches, mandar tomar banho (repetir 20 vezes e insistir até sentir que estou a enlouquecer!), mandar fazer as camas, mandar lavar os dentes, mandar deitar, mandar arrumar os pratos na cozinha, mandar preparar as mochilas para o dia seguinte, perguntar se não há trabalhos de casa, mandar estudar, enfim, basicamente isto...

Bom, dizia eu que esta semana está a ser assim, mais ou menos atípica - sendo que a única atipicidade é mesmo só a pneumonia - e eis senão quando o Alexandre me liga a comunicar que teve a sua primeira negativa! E viva a atipicidade das coisas! 

Como se não bastasse, anunciou que também está a ficar doente - por osmose, que é como quem diz para ficar igual ao irmão. Sim, o Alexandre anda todo roído de o irmão estar em casa a descansar enquanto ele tem de ir para a escola... Ainda por cima para receber más notícias, como a dita cuja negativa.

Passei-me! Agi como uma louca desvairada e perguntei que nota tinha tido. Sim, porque é diferente ter uma negativa de 9 e uma de 1...

- Não sei - foi a resposta, lacónica, diga-se de passagem. Não sei se sabem como é, mas os filhos adolescentes, rapazes ainda por cima, falam por monossílabos e dizem apenas o estritamente necessário.
- Ó Alexandre, não sabes como? Foi negativa de quanto? 
- Não sei.
- Mas foi baixa, foi alta, quanto foi? - Eu gritava a plenos pulmões, uma negativa é mau, é muito mau... 
- Não sei. - Nada mais, nada menos, tudo o resto é acessório, não vale a pena dizer mais nada, e eu ali, a roer-me toda de impotência, e ele tranquilo, como se fosse apenas normal, uma "nega" no calão dos jovens... Uma mancha no meu orgulho de mãe, uma punhalada no quadro de honra da escola, uma onda de pensamentos relacionados com delinquência juvenil, sonhos destruídos, ruínas de projetos de vida... E sentimentos aos molhos, entrelaçados de dor, de dúvida, de derrota... É afinal para isto que uma mãe educa um filho?

- Vais continuar a gritar? - perguntou o meu filho, tranquilamente, querendo saber se deveria ficar a ouvir-me a histeria mal disfarçada ou se poderia ir à vidinha dele lá na escola.
- Não, filho. Até logo - foi a minha resposta, descendo à terra, lá dos sonhos por onde andava.

Quando o fui buscar, abraçámo-nos com força. Ele confessou que me tinha ligado todo a tremer, com medo da minha reação. O teste tinha corrido mal. Ele sabia que a nota não iria ser boa. Foi a primeira negativa em 7 anos de estudo. A experiência não foi boa, não é algo que se queira repetir. Ninguém gostará de macular um bom desempenho com um mau resultado. Mas acontece. Aconteceu. Assim como a pneumonia. Porque há coisas que acontecem. Coisas atípicas, para as quais não estamos preparados. E temos de aprender com elas, extrair as nossas lições e prosseguir. Porque o caminho, esse é sempre para a frente. Doa a quem doer. 

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